Por Tatiane Schmitz, Jennifer Lussolli e Isabel Bet, auditoras da Berkan.
O cenário empresarial está se moldando para se adequar às novas exigências de sustentabilidade, impulsionadas ainda mais com a publicação da Resolução 193/2023 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A resolução estabelece para as companhias abertas a obrigatoriedade de elaboração e divulgação de relatórios com informações financeiras detalhadas relacionadas à sustentabilidade, a partir de 1º de janeiro de 2026, baseadas nos dados de 2025.
Essas exigências são fundamentadas nas normas IFRS S1 e S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), que demandam a divulgação de informações sobre governança, estratégias, gerenciamento de riscos, metas e métricas relacionadas à sustentabilidade que possam impactar os fluxos de caixa.
Essas normas, juntas, estabelecem uma base global consistente para divulgações de sustentabilidade e fatores climáticos, permitindo comparações precisas entre empresas e setores, além de influenciar as entidades a adotarem práticas mais responsáveis, como a redução de emissões de gases de efeito estufa e o investimento em tecnologias sustentáveis.
A obrigatoriedade dessas normas visa também fortalecer a transparência, aumentando a confiança dos investidores e contribuindo positivamente para a mitigação dos impactos climáticos. Nesse contexto, a contabilidade, a auditoria e a sustentabilidade estão cada vez mais interligadas.
Portanto, o papel do contador e do auditor tem se tornado cada vez mais essencial, visto que estes profissionais desempenham um trabalho integrado, que fornece à empresa informações estratégicas e transparentes para uma tomada de decisão mais assertiva.
Os contadores, por exemplo, agora são responsáveis por validar as informações de sustentabilidade, avaliar os impactos financeiros em conformidade com as normas internacionais e garantir que esses dados estejam precisos e completos. Esse novo papel inclui a responsabilização pelos relatórios, aumentando a importância da precisão das informações, garantindo a conexão entre as demonstrações financeiras e as ações práticas exigidas.
É preciso, portanto, haver uma conexão entre as demonstrações financeiras e as ações de sustentabilidade. Isso significa que os contadores precisam garantir que as informações proporcionem uma visão holística do desempenho da organização.
O contador, portanto, torna-se um pilar central na narrativa de sustentabilidade da empresa, ajudando a comunicar aos investidores e stakeholders como o ESG está integrado à performance financeira.
Por outro lado, o papel do auditor se eleva em importância à medida que ele passa a garantir que os relatórios financeiros de sustentabilidade estejam em conformidade com as normas IFRS S1 e S2. Ao realizar auditorias independentes, estes profissionais devem verificar se as empresas estão reportando com precisão as informações relacionadas a fatores climáticos e de sustentabilidade.
Assim, esse processo agora inclui a análise da qualidade das informações ambientais e sociais que impactam o desempenho econômico.
Juntos, auditores e contadores assumem funções ainda mais estratégicas nos negócios que desejam não só garantir a conformidade regulatória, mas também atrair e fortalecer a confiança dos investidores. O mercado, inclusive, demanda cada vez mais transparência e é a credibilidade dos relatórios financeiros que fortalecem a reputação da empresa, reduzindo os riscos de sanções regulatórias e danos à imagem.
Além de mitigar riscos reputacionais, a implementação dessas práticas, aliada à sinergia estratégica entre contadores e auditores, fortalece a resiliência organizacional frente aos desafios emergentes, como as mudanças climáticas e a evolução contínua das regulamentações.
Ao integrar indicadores de performance ambiental e social aos sistemas de contabilidade, a empresa não apenas se prepara para atender exigências regulatórias futuras, mas também otimiza seus processos de compliance e governança.
Dessa forma, a implementação de controles internos robustos e auditorias preventivas contribui para a redução de riscos de não conformidade e promove a criação de valor de longo prazo, facilitando a transição para novos padrões conforme forem promulgados.
Fonte: Economia SC