Guia PDI: principais mudanças com a nova Resolução Normativa da ANEEL

Guia PDI: principais mudanças com a nova Resolução Normativa da ANEEL

A Resolução Normativa nº 1.074/2023 publicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) determinou novas regras para procedimentos do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PROPDI). Tais processos eram regidos, anteriormente, pela Resolução Normativa nº 754/2016.

Com a mudança, regras de avaliação e aprovação dos valores investidos nos projetos sofreram alterações. No artigo abaixo, apresentamos os principais detalhes que devem ser observados ao iniciar um projeto de PDI na nova regulamentação. Acompanhe!

 

O que é considerado PDI?

No âmbito do programa regulado pela ANEEL, projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), são aqueles que levam à implementação de tecnologias, produtos, processos e/ou serviços inovativos, novos ou melhorados, e à transferência e difusão de tecnologia.

 

O que não é considerado PDI?

Algumas iniciativas não podem ser consideradas dentro do escopo de PDI. Aqui elencamos as principais:

  • Projeto técnico ou de engenharia, cujas atividades estejam associadas meramente ao dia a dia das empresas, consultoras e fabricantes de materiais e equipamentos;
  • Formação e/ou capacitação de recursos humanos, próprios ou de terceiros;
  • Estudos de viabilidade técnico-econômica;
  • Aquisição ou levantamento de dados;
  • Aquisição de sistemas, materiais e/ou equipamentos;
  • Desenvolvimento ou adaptação de software, que consista meramente na integração de softwares ou de banco de dados;
  • Melhoramento de software desenvolvido em projeto já concluído, exceto para softwares classificados até o nível 8 na escala de maturidade tecnológica de software (STRL – Software Technology Readiness Level);
  • Cumprimento de qualquer obrigação presente no contrato de concessão e pelo qual o agente já é remunerado pela tarifa de energia elétrica (Distribuidoras) ou pela Receita Anual Permitida – RAP (Transmissoras), nos casos em que não se caracterize o teor de PDI necessários a um projeto regulado pela ANEEL.

 

Método de avaliação dos investimentos em PDI

Agora, os portfólios de projetos das empresas de energia são avaliados como um todo, de acordo com certos resultados-chaves (KR), determinados no Plano Estratégico Quinquenal de Inovação 2024-2028 (PEQuI). 

Cada KR possui um peso na avaliação e uma meta própria. A soma do resultado de cada KR gera o índice AMPERE (Avaliação Multiatributo de Portfólio de PDI de Empresa de Energia Elétrica). Caso este índice, ao final do quinquênio 2024-2028, seja de ao menos 85%, o investimento em PDI será aprovado integralmente. 

Caso seja inferior a 85%, o percentual de investimento reconhecido (Pr) seguirá a seguinte proporção:

 

Índice AMPERE Pr
Menor do que 70%  Índice AMPERE
Maior ou igual a 70% e menor do que 85%  2 x Índice AMPERE – 70%
Maior ou igual a 85%  1

 

Resultados-chave e suas metas

Na tabela abaixo, você confere uma descrição de cada KR, suas respectivas metas e o peso de cada uma no índice total:

 

KR Meta do KR  (Portfólio) Peso
KR2 Quantidade de peças de comunicação audiovisual publicadas em plataforma online. 20 peças de comunicação audiovisual do portfólio de PDI da Empresa de Energia Elétrica publicadas pela EEE, sendo 1 peça por trimestre contemplando todos os instrumentos de inovação em execução no referido trimestre.

5%

KR4 Percentual financeiro retornado como resultado dos portfólios de PDI. 1% do montante total investido pela EEE no PDI ANEEL

15%

KR5 Percentual de aproveitamento dos projetos e ações do PDI ANEEL. 50% de tecnologias, produtos, serviços e processos resultantes de projetos e ações de PDI da EEE em uso.

10%

KR9 Percentual de recursos investidos nos temas estratégicos do PEQuI. 50% do recurso da EEE no PDI ANEEL investido nos temas estratégicos do PEQuI.

25%

KR15 Percentual de recursos investidos em projetos ou ações de PDI com nível de maturidade tecnológica (TRL) maior do que 6. 30% do recurso da EEE no PDI ANEEL investido em projetos ou ações de PDI com TRL maior do que 6.

15%

KR16 Percentual de recursos de terceiros em relação ao investimento regulado. 10% de recursos de terceiros aportados em relação ao recurso da EEE no PDI ANEEL.

10%

KR17 Quantidade de titulações de pós-graduação (lato e stricto-sensu). 50% do número de projetos e ações de PDI da EEE.

5%

KR18 Quantidade de pedidos de patentes e de registros de Propriedade Intelectual – PI. 1 pedido de patente ou registro de PI por EEE

5%

KR19 Quantidade de publicações em periódicos internacionais e/ou nacionais classificados na lista Qualis Periódicos como A1, A2, A3 ou A4 (estrato A) no ano de publicação do artigo. 50% do número de projetos e ações de PDI da EEE.

5%

KR20 Percentual de investimentos destinados a instituições de pesquisa sediadas nas Regiões Norte (N), Nordeste (NE) e Centro Oeste (CO). 40% do recurso do PDI ANEEL para as EEE sediadas nas regiões N, NE e CO e 30% do recurso do PDI ANEEL para as EEE sediadas nas regiões S e SE.

5%

Peso Total

100%

 

Os temas estratégicos do PEQuI, inclusos no KR9 compreendem:

  • Modernização e Modicidade Tarifária;
  • Eletrificação da Economia e Eficiência Energética;
  • Digitalização, Padrões, Interoperabilidade e Cibersegurança;
  • Novas Tecnologias de Suporte – Inteligência Artificial, Realidade Virtual e Aumentada e Blockchain;
  • Eletricidade de baixo carbono;
  • Armazenamento de Energia;
  • Hidrogênio;

Já no KR 15, a sigla TRL se refere a uma escala de avaliação de maturidade tecnológica que classifica uma tecnologia em níveis de 1 (princípios científicos básicos observados) a 9 (sistema total usado com sucesso nas operações do produto). 

A seguir, você confere uma definição básica de cada TRL, de acordo com o Guia de Avaliação da Maturidade Tecnológica da ANEEL:

 

Estágio de Desenvolvimento TRL Definição Descrição
Operação

9

Tecnologia em operação conforme o esperado em um ambiente real. O desenvolvimento da tecnologia está concluído. Operação em um ambiente real, sob todas as condições realizadas e finalizadas.
Comissionamento

8

Tecnologia concluída e qualificada por meio de testes. Foi comprovado que a tecnologia funciona conforme as condições esperadas, em um ambiente de testes. Uma Revisão Operacional foi concluída com sucesso antes do início dos testes a quente.

7

Escala completa, demonstração de protótipo em ambiente relevante. Foi comprovado que o protótipo da tecnologia funciona conforme as condições esperadas, em um ambiente relevante.
Demonstração

6

Engenharia/escala de lote pioneiro, validação de protótipo em ambiente relevante. Modelo de escala de engenharia representativo testado em um ambiente relevante.
Desenvolvimento

5

Escala de laboratório, validação de sistema semelhante em ambiente relevante. Os componentes tecnológicos básicos foram integrados para que a configuração do sistema seja semelhante à aplicação final em quase todos os aspectos.

4

Validação de componentes e/ou sistemas em ambiente laboratorial. Componentes tecnológicos básicos são integrados para estabelecer que as peças funcionarão juntas. Ainda é uma integração de relativa “baixa fidelidade” em comparação com o eventual sistema final.
Pesquisa para Teste de Viabilidade

3

Estudos analíticos e experimentais e/ou prova de conceito. A pesquisa e o desenvolvimento são iniciados. Inclui estudos analíticos e estudos em escala laboratorial para validar as previsões analíticas de elementos separados da tecnologia.
Pesquisa Básica

2

Conceito e/ou aplicação de tecnologia formulada. Uma vez observados os princípios básicos, aplicações práticas podem ser inventadas. As aplicações são especulativas e pode não haver nenhuma prova ou análise detalhada para apoiar as suposições.

1

Princípios básicos observados e relatados. O nível mais baixo de maturidade tecnológica. A investigação científica começa a traduzir-se em P&D aplicados. Exemplos podem incluir estudos publicados das propriedades básicas de uma tecnologia.

 

A relação entre o TRL e a “Cadeia de Inovação”, utilizada na REN n° 754/2016

O Anexo II do PROPDI estabelece uma relação aproximada entre a antiga Cadeia de Inovação e o novo TRL, que é possível conferir na tabela abaixo:

 

Grau de Maturidade Tecnológica (TRL)

Baixo

Médio

Alto

1

2 3 4 5 6 7 8

9

Pesquisa Básica Dirigida

Pesquisa

Aplicada

Desenvolvimento

Experimental

Cabeça de Série Lote Pioneiro

Inserção no mercado

Cadeia de Inovação

 

Com essas novas diretrizes, a ANEEL visa aprimorar a eficiência e a inovação no setor elétrico, incentivando projetos de alto impacto tecnológico e econômico.

Você tem alguma dúvida sobre essa nova regulamentação? A Berkan realiza diversos trabalhos de consultoria e gestão de projetos no âmbito de PDI. Entre em contato com nossos especialistas e saiba mais!

Autores: Tiago Henrique Kienen Gramkow, Rafael Reid e Mauro Weiss

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